Um menino andava pela rua do bairro
um bairro afastado da periferia
seguia pela calçada esburacada que por sua vez
seguia o muro esburacado de um terreno baldio.
Na rua vazia da noite que alta ia
um clarão e um estrondo explodiram
e deram um senhor cagaço no menino
que levou uma senhora queda com o susto.
No outro lado do muro metralhado
dentro do terreno de metralha,
como se algo tivesse caído do céu:
uma estrela, um cometa, uma nave?
O menino recompôs-se e não agüentou-se:
escalou a parede do cercado
para lá do alto perceber a fumaça
o mato, a sujeira e um cão de vigia.
Espiou se alguém espiava
espantou o cão com um truque
num pulo estava dentro
e seguiu até a cratera iluminada.
Uma pequena arca fumegante
reluzia no centro do buraco
num instante a arca se abriu sozinha
e o que havia dentro dela?
Uma peça, uma surpresa inacreditavelmente
inédita e boquiabertizante
uma pedra polida fosforescente que transmitia
Quando o menino pensou em contar o que via
vupt, desapareceu pra cima num raio, sumiu
abduzido pra virar escravo-repórter, atração de circo
ou espetinho de alienígena.
Numa esquina longe dali, uma menina...
TRELLES – André Telles do Rosário
14/09/08. Exercício do curso
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