sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Encenação

Segunda, dia 03 de novembro de 2008 às 19h, tem encenação no estúdio da Fundação (Rua Henrique Dias 609, Derby, Recife-PE). Veja aqui fotos dos ensaios.

Os cinco textos que foram lidos publicamente no dia 20/10 agora retornam como encenações. São peças de curta duração (esquetes) criadas pelos participantes do curso, com encenação e interpretação a cargo de artistas profissionais (veja detalhes sobre os textos, autores e elenco no
post do dia 20/10). Aproveite a deixa e venha assistir.





























terça-feira, 21 de outubro de 2008

Rito de passagem

Veja aqui imagens da leitura dramatizada que abriu as apresentações dos trabalhos em processo no dia 20/10. Na programação, além da leitura dos cinco esquetes criados pelos participantes do curso, houve debates e a aplicação de um questionário sobre cada texto lido, preenchido por pessoas da platéia. Mas a noite foi importante também por duas razões não explicitadas no evento. A primeira delas é que a leitura representou uma espécie de rito de passagem daqueles autores: todos estavam tendo a oportunidade de testemunhar a materialização de suas obras através do olhar de um diretor e de atores profissionais. A segunda razão foi que se deu reabertura não-oficial do estúdio da Massangana Multimídia Produções (MMP) para uma platéia, agora como espaço a ser compartilhado por experimentos cênicos e atividades de produção de vídeo. Nesse estúdio foram produzidos pela MMP alguns programas importantes da TV local, como o jornalístico Resgate, que foi ao ar semanalmente pela TVU na década de 90, e a série 500 anos, com bonecos do grupo Mão Molenga, exibida em todo o país pelas TVs Escola, Cultura, Educativa e Ra-Ti-Bum (tv por assinatura) e que será lançada em breve em DVD. A recuperação do estúdio é mais um passo da Diretoria de Cultura da Fundação Joaquim Nabuco para reintroduzir as artes cênicas nas atividades da instituição, através da MMP.















segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Leitura Dramatizada

Em 20 de outubro de 2008 às 19h, aconteceu nossa primeira apresentação dos trabalhos em processo: a leitura dramatizada de cinco textos de curta duração (esquetes) produzidos pelos participantes do curso.

Os textos são:
Cairo 20h (de Ailton de Souza, Elton Rodrigues e Ruy Aguiar) que faz comicidade no ambiente de uma bolsa de valores;
Filho dos outros (de Gilvan Tavares, Jaime Cavalcanti, Onézia de Souza Leão e Vanessa Lourena) usa entrelinhas e silêncios dos diálogos para falar do poder sobre a vida e a morte;
Invisível (de Christiana Albuquerque, Franklin Costa, Laura Lopes e Márcio Andrade) mostra como um livro pode se transformar em personagem;
O contador e o diabo (de Biagio Pecorelli Filho, Camila Delgado, Edivane Batista e Telma Ratta) fala de violência sem recorrer à violência; e
Vento forte pra água e sabão (de Amanda Silva e Giordano Bruno) revela a poesia possível no encontro de uma bolha de sabão com o vento.

No elenco, Eduardo Japiassu, Hilda Torres, Luciana Pontual e Vavá Schön-Paulino, com direção de Samuel Santos, todos profissionais com trabalho reconhecido em Pernambuco e em vários estados. A leitura será aberta ao público, com entrada franca. O local é o mesmo das aulas, o estúdio da Massangana Multimídia, no prédio da Fundação Joaquim Nabuco do Derby. Nas fotos a seguir, momentos dos ensaios.











sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Momentos

Leia a seguir alguns momentos dos textos criados pelos participantes do curso e que serão utilizados como referência de aprendizagem até o dezembro, tanto nas aulas quanto em atividades abertas ao público:

Cairo 20h
(de Ailton de Souza, Elton Rodrigues e Ruy Aguiar)

CARVALHO corre para o outro lado do palco.
CARVALHO (pensando alto) – Cairo? Vinte? Filho da mãe! Tava escondendo o jogo. O desgraçado descobriu antes de todo mundo onde o lance do petróleo!
(Para o rádio, desconfiado, olhando para os lados com medo que alguém os escute.)
CARVALHO – Rodolfo, Carvalho, é o caralho. Não, caralho, é o Carvalho. Escuta. Dica quente pra você. Essa é totalmente certa. O cara lá das Arábias encontrou o troço preto nas pirâmides... (fala pausadamente para enfatizar as palavras, explicando) O cara lá, primo dos terroristas, vai cavar o negócio preto junto das pirâmides! Sabe pirâmide, Nilo, múmia amaldiçoada? Porra, Rodolfo, larga de ser burro. O xeique encontrou petróleo no Egito.

Filho dos outros
(de Gilvan Tavares, Jaime Cavalcanti, Onézia de Souza Leão e Vanessa Lourena)

HOMEM - Tem medo de estar aqui?
MULHER - Tenho. Você não?
HOMEM - Tenho sim.
MULHER - Porque não vai embora?
HOMEM - Você também não tem medo? E está aqui, não está?
MULHER - Estou, mas..
HOMEM - Pronto, somos dois.

(pausa)
MULHER - Como você consegue ser tão frio?
HOMEM - Deve ser porque não pretendo matar ninguém.


Invisível
(de Christiana Albuquerque, Franklin Costa, Laura Lopes e Márcio Andrade)

TV (OFF) - Em breve teremos no nosso palco o escritor Mauricio Arruda, para comentar sobre seu inegável sucesso, o livro “O Invisível” e também explicar a recente informação sobre o processo de plágio que corre contra ele na justiça. Aguardem, depois do intervalo comercial, mais do Programa de Cultura. (sons do intervalo comercial)
(Laura se levanta com o livro no regaço, diminui o volume da televisão quase que maquinalmente. Dá uns passos pela sua sala.)

LAURA – Não é possível! Não acredito que o meu livro... (pausa, pensando) o meu querido livro, ser fruto... disso! (Balança a cabeça, incrédula). Essas palavras são cópia de outro?

O contador e o diabo
(de Biagio Pecorelli Filho, Camila Delgado, Edivane Batista e Telma Ratta)

CLAUDIONOR - Tá. 126, Benedito José Aguiar do Livramento, 52 anos, causa mortis: insuficiência respiratória.
DIABO - Esse conta não... me interessa só homicídio, homicídio é que é a glória! Quero bater o record por metro quadrado. Números jamais vistos na história de São Leopoldo das Glórias! Satanás mora aqui, rapaz! Tá pensando o que? (O celular de Claudionor toca) Que é isso? Vai atender celular na hora do expediente, Claudionor? Pode não... conta aí os mortos, querido!
(Claudionor fala baixo ao celular, nem o Diabo ouve. Ele desliga, com cara de preocupado.)
DIABO - Algum problema, Claudionor? Tá precisando de ajuda, rapaz? Estou aqui, viu?


Vento forte pra água e sabão
(de Amanda Silva e Giordano Bruno)

ARLINDO - olha lá... o sol tá mergulhando...
BOLONHESA - como assim?
ARLINDO - É... no fim do dia o sol entra no mar... e o mar se espalha pelo céu, pintando ele de azul profundo, pra deixar tudo escuro e trazer a noite...
BOLONHESA: Que lindo! Ah, Arlindo... Eu gostei tanto do meu dia... que acho que até podia explodir de alegria! (risos)
ARLINDO: Explodir? Não!

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Primeiro mês

"Os conceitos ajudam na nossa relação com o conhecido, mas podem atrapalhar, cercear e confundir quando nos deparamos com o que não conhecemos, fora ou dentro de nós. Nesse aspecto, a cautela é bem vinda no âmbito do instante da criação, pois é grande o risco do conceito virar preconceito e da auto-crítica sufocar - ao invés de facilitar - o impulso criativo. Se isso acontecer, que alternativa restará à criação, senão fluir por caminhos já trilhados e se consumar em algo já conhecido?".

"Cada um é como um país estranho e distante. Toda intimidade tende a ser exótica aos olhos daquele que ousa ver o outro bem de perto. Isso vale para seres humanos e para personagens".

"O que guardamos em nossa mente, no que chamam de inconsciente, também é como um país estranho e distante. Curiosa essa possibilidade de descobrir exotismo em nós mesmos".

"Os escritores são deuses dos mundos que eles criam. Que tipo de deus você vai ser quando escrever?"

"Escreva primeiro, analise depois. Se possível, alguns dias depois".

"Como tornar o sutil 'grande' o bastante para ser visto num texto teatral, num palco? E, como fazer para que esse superdimensionamento revele o sutil sem trair-lhe a sutileza? Qual a medida dessas coisas? Como deixar claro um pensamento sem precisar descrevê-lo? O que a ação pode falar por si sem que eu precise explicar com palavras? Está na hora de dar maior atenção a esses mistérios..."

(Textos de Luiz Felipe Botelho) (Fotos de Kyara Muniz e Luiz Felipe Botelho)

























terça-feira, 7 de outubro de 2008

Possibilidades

É possível se escrever uma cena teatral interessante e criativa em cinco minutos. Todos os participantes do curso demonstraram isso mais de uma vez. Acreditar que essa capacidade não é obra do acaso nem é fonte que se esgote já é mote para uma outra cena a ser escrita. (Fotos de Kyara Muniz).












O sonho

Às vezes leva muito tempo para que um maço de velas acesas num pote de barro dentro de um estúdio de TV se transforme numa fogueira e, assim, invoque as histórias guardadas no nosso peito de gente contemporânea. Às vezes não leva tempo nenhum. O que faz a diferença é a disposição para aceitar o sonho como parte do que chamamos de realidade, porque, afinal de contas, não há realidade sem que um sonho a preceda. (Foto de Kyara Muniz)

Antes de começar a criar

É evidente que a mente não pára e que uma idéia nova surge a cada instante. Mas, se a intenção é criar com uma finalidade específica - e aí se incluem os textos teatrais - sugiro uma preparação para tornar a tarefa mais produtiva. Antes de começar a tentar focalizar o trabalho como uma atividade que se resolve apenas intelectualmente, considere relaxar músculos tensos (inclusive os dos olhos), acalmar a mente e, se possível, brincar um pouco, sem pressa nem preocupação, evocando qualidades da infância que a vida acaba por soterrar sob anos de adestramento, como a inocência (e a ausência de censuras), a curiosidade, a espontaneidade, a clareza de visão, a imaginação sem limites. (Fotos de Kyara Muniz)

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O lado difícil

Saiba aqui o que responderam os participantes do curso quando perguntamos para eles: Em que circunstâncias é difícil criar o texto de uma cena teatral?

- Na limitação de tempo para os exercícios
- Se estou dividido com outras atividades
- No excesso de possibilidades
- Porque me acho óbvio no que expresso
- Na hora de começar, por não conseguir sistematizar as idéias
- Na hora de concluir as questões que levanto. Acho que coloco informação demais
- Parar é difícil. Tenho dificuldade de finalizar.
- Na hora de ser criticada.
- Na hora de decidir escrever, de passar da idéia para a ação.
- Quando não tenho o controle total do que vai ser feito
- Na hora de começar. As idéias vêm quando menos espero e eu nunca as anoto, por isso as perco.
- Ficar tranquila na hora de criar.
- Me concentrar no que realmente quero criar
- Ao desejar dar um bom desfecho, concluir a obra.
- Desvencilhar-me do cansaço físico, pois acordo diariamente às 5 da manhã.

O lado fácil

Para você, o que é que é mais fácil no processo de criação do texto de uma cena teatral? Enquanto você pensa numa resposta, pode ler o que responderam os participantes do curso Dramaturgia - Na Fronteira das Linguagens:

- Iniciar e finalizar um texto
- Tratar de temas sobre a exploração do homem pelo homem
- Quando deixo uma palavra vir após outra, sem sentido aparente, sentido que se mostra depois.
- Sinto prazer em desenvolver a história, especialmente se for cômica.
- Quando começo a criar, não me preocupo com o real
- Quando percebo a finalidade do texto (foco).
- Escrever texto literário, símbolos, metáforas, descrições.
- Na hora de descrever, fazer descrições.
- Na hora de desenvolver o diálogo
- Criar palavras e pensamentos soltos que se intercomunicam e podem ser usados para desenvolver histórias.
- Quando tenho um mote
- Quando me deixo relaxar
- Quando recebo um estímulo, uma sugestão
- Quando tenho uma noção do que vai acontecer com os personagens, antes de escrever os diálogos
- Escrever coisas engraçadas, mesmo quando quero escrever coisas sérias.
- Escrevo muito, acho que escrevo tanto, a ponto de ser prolixa.
- Visualizar ums história com começo, meio e fim.

O que dizem os personagens que você cria?

Questionados sobre que expectativas tinham sobre o conteúdo das falas dos seus personagens, os participantes do curso enumeraram suas preferências sobre o que diriam suas criações:

- O aparentemente indescritível (cores, sabores), o que vai além das metáforas.
- Que falem do futuro, do passado: “Eu sou assim mesmo”, “Tudo o que vivo hoje é fruto de uma imaginação solta e ingrata”.
- “Papai, o que é sexo?” “Vá dormir!”
- Suas verdades: “as nuvens são a fumaça do cachimbo do velhinho que mora lá no alto”
- “E se fosse diferente?” “Não seria eu. Com todos os defeitos, erros, sonhos e virtudes. Seria um outro”.
- “Se a May estivesse em meu lugar, hoje, teria achado a corda entediante”.
- Que falem com seus gestos, não com suas palavras.
- Coisas que a rotina não deixa que sejam ditas.
- Suas angústias, suas vidas em confronto com a sociedade.
- Que eles apontem saídas para as dificuldades da vida.
- “Todo dia é de viver, para ser o que for, e ser tudo”.
- Eles falando de si, do outro, da existência, tudo isso a partir de sua própria experiência de vida.
- “Eu não quero perder isso, mas sei que vou perder”
- “Sou rabugento, já disse isso, ora bolas!”
- “Eu nunca fui santa”; “Para que serve isso?”; “Sempre pensei que você não existia”.
- “Ontem à noite minha mãe fez...”; “quando em comi aquele pedaço do bolo de vovõ, me transportei...”
- Que falem como nós, tudo o que falamos, pensamos, concordamos e discordamos.

Personagens mais bacanas

Para os participantes do curso Dramaturgia - Na Fronteira das Linguagens, os tipos de personagens que despertam neles mais interesse e que provavelmente serão desenvolvidos em breve são:

- Adulto e criança, cada um descobrindo seus potenciais vitais
- Aqueles que vivem seus dramas pessoais
- Super-heróis frustrados. (Adoraria dar textos para os personagens de “República das Bananas”, de Angeli)
- Seres fantásticos
- Os que podemos dar vida, apesar de não terem, necessariamente, uma “vida” como a nossa, como os animais.
- Aqueles que representam idéias, conceitos, pensamentos, situações
- Adolescente comum diante de situação incomum, fantástica, até.
- Mulheres determinadas, alegres, corajosas.
- Mulheres vivendo e sonhando com seus masculinos, nuas, muitas.
- Uma mistura de gente comum com arquétipos
- Pessoas comuns vivendo conflitos comuns.
- Míticos encontrando-se com personagens comuns.
- Simples, pessoas que estão à nossa volta, que não representam nenhum estereótipo.
- Personagens que sonham mas não conseguem alcançar seue objetivos devido a suas próprias escolhas.
- Um velho rabugento, uma senhora com bondade quixotesca, uma mulher descobrindo seus sentimentos em relação à percepção que ela tem da vida
- Deuses, humanos, semi-deuses, ninfas, seres mágicos, muito parecidos entre si, cheios de contradições.
- Crianças interagindo com animais e objetos, como se estes pudessem se comunicar com elas.
- Reais, imaginários, híbridos, mas sobretudo humanos em suas fraquezas e fortalezas.

Temas preferidos

Um mês depois de iniciado o curso e prestes a criarem as cenas que serão materializadas até dezembro, os participantes enumeraram opiniões e preferências sobre aspectos essenciais do trabalho desenvolvido até agora. Veja neste post os temas prediletos da galera. Nos posts seguintes, mais revelações.

- Resgate dos sonhos perdidos da infãncia
- Natureza humana
- Extremos dos sentimentos
- O fantástico, o domínio do maravilhoso
- Cotidiano exótico (homens passando dias jogando poquer sem conseguir parar)
- Tudo o que é cômico
- Dar outras explicações para o que já foi explicado
- Aventuras que só podem acontecer nos domínios do imaginário
- Quando as possibilidades da fantasia invadem o que chamamos de realidade.
- Relação arquetípica entre o masculino e o feminino
- A incomunicabilidade contemporânea num mundo de recursos infinitos de comunicação.
- O cotidiano, falas das diferenças psicológicas e sociais.
- Circunstâncias em que um personagem precisa tomar decisões que dizem respeito ao bem estar de todos.
- Busca de realização de sonho existencial e o efeito da falta de coragem.
- Relações humanas, dramas particulares, comédias do dia a dia.
- Gostaria de escrever sobre tudo.
- Algo mítico, uma salada mitológica.
- Relações familiares vistas pelo ponto de vista das crianças