sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Os observadores

"Antes da abertura oficial das portas de Stufana, um grupo de jovens foi selecionado para retornar secretamente ao mundo exterior".

Este é o mote do próximo trabalho envolvendo o universo desenvolvido para os exercícios deste semestre nos Grupos de Estudos. A criação dos personagens dessa nova etapa do trabalho já começou, numa dinâmica entre atores e dramaturgos, que usou como ponto de partida o conceito de gesto psicológico de Michael Chekhov. Nas imagens a seguir, os atores resumem num único gesto o momento atual de seus personagens, enquanto que, no texto, assumem a voz dessas criaturas e, como se existissem de fato, descrevem um pouco do que vivem no aqui-agora.

Assim (Eduardo Japiassu)

"Admiro nosso líder Amadheu e quero seguir os passos dele. Sinto-me bem reunindo pessoas, conversando, cantando, debatendo sobre a vida. Tenho um lema, que é “Senhor meu Deus, Mãe Natureza, entrego, confio, aceito e agradeço”. Acredito que só o corpo envelhece: a alma se engrandece".

Ava (Sofia Abreu)

"Fui uma das primeiras a sair de Stufana. Estava ansiosa para ver o mar, que eu só conhecia de fotografias. Pena que eu não suportei passar mais de meia hora longe da cidade onde nasci. Ninguém soube explicar exatamente o que aconteceu comigo. Amo mais os lugares do que as pessoas. Procuro algo que não sei o que é".

Avan (Janaína Gomes)

"Sou uma jovem que não lembra da própria infância. Não sei quem são meus pais. Adoro o mar e os pássaros. Quando posso, fico horas à sombra das árvores. Sou muito desconfiada e, se acontece de eu ficar de mau humor, posso causar transtornos e muitos desentendimentos. É que tenho algumas habilidades paranormais".

Avento (Ana Dulce Pacheco)

"Sou jovem e mulher. Falo pouco, mas me relaciono bem com as pessoas. Tenho minha verdade e aceito que os outros tenham as deles. Sou temperamental. Tanto posso espalhar fogo e causar grandes queimadas como posso amenizar e curar grandes dores".

Céu (Regina Medeiros)

"Tenho 21 anos. Sou filha única e moro com meus pais. Sou feliz, mas sempre quis sair de Stufana e conhecer outras pessoas e culturas. Estou gostando de estar aqui fora. Adoro o vento, o mar, as borboletas. Raramente perco a paciência. Sou leve, mas sou bem forte. Amo o silêncio e tento ouvir o que ele diz".

Cora Coralina (Samanta Queiroz)

"Rebatizei-me com esse nome ao sair de Stufana e conhecer a obra da poetisa. Meu nome verdadeiro? Não é da sua conta. Odeio meu vizinho. Gosto de trânsito. Cago nas calças e jogo na rua para não sujar o banheiro. Tenho poucos objetos. Gosto de comer o fígado dos gatos e de entupir ratos com baratas mortas".

Latika (Hermínia Mendes)

"Sigo meu coração. Sou forte, guerreira, audaciosa, meticulosa, de difícil convivência, ambígua, séria. Sei que sempre tenho razão, embora hoje não esteja sabendo quem sou nem de onde vim. Acordei num hospital, com um bebê do lado, que disseram ser meu".

Lonus (Kleber Lourenço)

"Sou um homem firme, de poucos gestos e muitas ações. Individualista, egoísta, competitivo, atleta campeão filho de atleta campeão. Meu lema é “lutar para ganhar”. A perda da força física e a possibilidade da Morte me assustam. Prefiro nem pensar nisso. A vida urge, o tempo corre".


Minussi (Thai Cavalcanti)

"Tenho 35 anos. Sou sentimental, isolada, tenho dois filhos (um com 10 anos e outro com 5). Um dia cheguei em casa e meus filhos haviam sido levados por alguém. Já procurei muito. Até agora, nada. Mantenho as esperanças. Mudei muito depois dessa perda".
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Vida (Ana Carolina Miranda)

"Tenho vinte e poucos anos. Gosto de desafios, de estar perto das pessoas e de encontrar soluções para os problemas - os meus e os dos outros. Passei por graves problemas que me mantiveram presa em casa. Sinto necessidade de caminhar, de estar sempre em movimento. Hoje prefiro realizar ao invés de sonhar".



sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A entrevista 1 - O espaço da cena

Veja aqui a primeira de uma sequência de oito fotos com a descrição de vários momentos do exercício de 08/09/09, aberto ao público. O trabalho envolveu a entrevista com três personagens vindos da cidade fictícia de Stufana. As imagens são de Kyara Muniz. Na foto abaixo, o espaço preparado de modo a facilitar tanto a visibilidade dos atores quanto a possibilidade do diálogo entre a platéia e os personagens.


A entrevista 2 - Ajustes finais

Trabalhar com improviso, ainda que num exercício, não é algo que deixe um criador seguro ou tranquilo - claro que essa tensão faz parte da expectativa, mas o excesso dela pode desfocar e prejudicar o trabalho. Por isso, antes da entrevista, o clima indicou a necessidade de uma conversa com atores e dramaturgos para amarrar pontas ainda soltas. O desafio era grande: poucas referências sobre o universo e o passado dos personagens, a presença do público, a perspectiva permanente do inesperado. A hora de esclarecer quaisquer dúvidas e aliviar receios era ali. Depois que o trabalho começasse, mesmo sendo um improviso, a única opção - além da desistência - seria agir e deixar que o personagem viesse como pudesse.



A entrevista 3 - Introduções

Na entrada da platéia, a constatação bacana da presença de alunos do curso de cênicas do SESC, de familiares assíduos e participantes de outros momentos do Projeto, como Franklin Costa e Luciana Pontual. Luiz Felipe Botelho abriu o exercício apresentando o Projeto e em seguida convidou os atores a entrarem no estúdio, já em seus respectivos personagens. Em seguida ele fez um resumo dos antecedentes de Stufana, apresentou os entrevistados (o patriarca Amadheu Levi, com 80 anos, a jovem Nina, com 30 e Rose, com 66) e passou a palavra à jornalista Elaine França (Thai Cavalcanti), do jornal Estado de Pernambuco. E a entrevista começou.





A entrevista 4 - A dinâmica

Os atores estavam divididos em três equipes e cada uma delas se responsabilizou por um personagem. Ana Carolina (foto, ao centro), Regina Medeiros e Sofia Abreu ficaram com Nina enquanto que Rose foi trabalhada por Hermínia Mendes, Janaína Gomes (foto, à direita) e Samantha Reis. Eduardo Japiassu (foto, à esquerda) e Kleber Lourenço cuidaram de Amadheu Levi, mas como Kleber não pôde comparecer, Eduardo assumiu todas as falas do personagem.



A entrevista 5 - Revezamento

A proposta previu que todos os integrantes de cada equipe deveriam se revezar nos personagens. Assim, as próprias equipes definiram como iam ser feitas as substituições, de modo que isso não interferisse na dinâmica e permitisse que todos pudessem participar do exercício. Um sinal discreto trocado entre os participantes indicava o momento da troca de atores, sempre um de cada vez. Na foto abaixo, Sofia Abreu e Samanta Reis.

A entrevista 6 - Conexão

Um outro desafio a ser encarado pelos que estavam para entrar em cena foi manter a conexão com o tom criado pelos que estavam em ação. Não se tratava de imitar a forma, mas de manter uma sintonia com o conteúdo emocional, o "ritmo" da presença, a coerência, a "alma" do personagem. No foto, a Nina de Regina Medeiros e a Rose de Hermínia Mendes.

A entrevista 7 - O calor da ação

A platéia manteve-se atenta e as perguntas foram tantas que o tempo previsto teve que ser ampliado para dar conta do interesse que o jogo despertou. A participação do personagem da jornalista Elaine França (Thai Cavalcanti) ajudou a manter um clima de polêmica sem colocar os atores num excesso de desconforto.



A entrevista 8 - Opinião do público

Concluída a entrevista, os atores, autores e realizadores foram apresentados e abriu-se uma roda para troca de idéias com os presentes. Alguns espectadores comentaram sobre o fascínio despertado por aquele modo de se exercitar a dinâmica de personagens e o desejo de ter entrado mais no jogo proposto. Houve até quem declarasse ter tido vontade de se apresentar como um dos parentes de Rose.









quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Convite a todos

No próximo dia 08 de setembro de 2009, será realizada uma entrevista com alguns habitantes de Stufana. Essas pessoas viveram 50 anos numa cidade isolada do mundo, coberta por uma cúpula de aço e vidro, e estarão conosco para falar sobre a experiência. A entrevista acontecerá às 20h, no estúdio da Massangana Multimídia Produções, na Fundação Joaquim Nabuco do Derby (Rua Henrique Dias, 609, Térreo).

O evento e a entrevista são reais, mas as demais informações fazem parte do universo ficcional desenvolvido pelos Grupos de Estudos de Artes Cênicas do Projeto TelaTeatro. Apareça e assista a este exercício!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Por que Stufana?

O nome é uma adaptação bem menos pomposa do título oficial do Projeto PROBESH, sigla que significa Protótipo Prospectivo Biodomo Estufa Humana. Esse projeto foi desenvolvido com base na hipótese de que, se a Terra é um microcosmo bem delimitado, será possível analisar problemas e soluções para o planeta através da observação de um contexto similar, de menor proporção, igualmente fechado e delimitado.

Observação:
Estas informações fazem parte de um trabalho de ficção desenvolvido pelos Grupos de Estudos de Artes Cênicas do Projeto TelaTeatro.