Tic tac tic tac triiiimmm foi o que faltou para Felipe chegar cedo hoje no primeiro dia de gravação do episódio de Marana. Seu atraso foi devido aos seus despertadores que não o ajudaram nessa missão. Então o jeito foi apelar para os céus para que tudo corresse bem no dia de hoje:
‘Valha-me Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré! A vaca mansa dá leite, a braba dá quando quer. A mansa dá sossegada, a braba levanta o pé. Já fui barco, fui navio, mas hoje sou escaler. Já fui menino, fui homem, só me falta ser mulher.’ (Texto de João Grilo no Auto da Compadecida de Ariano Suassuna.)
Nada melhor para recorrer à eterna compadecida Socorro Raposo, que abrilhantou as gravações juntamente com a atriz Samanta Reis, que incorporava a Marana/Cora Coralina. Vale salientar que foi o encontro de crias de Socorro Raposo, pois a atriz Samanta Reis e ator/dramaturgo Diego Albuck começaram a sua história teatral no Espaço Cultural Inácia Raposo Meira, mantido por Socorro.
O tempo foi nosso inimigo e ao mesmo tempo nosso aliado nesse começo de jornada, pois começamos as gravações na casa de D. Terezinha de Jesus Botelho (Mãe de Felipe) e lá poderíamos viajar na infância e memória do nosso diretor. A casa era cheia de relíquias que vinham carregadas de grandes histórias e assim construíam o cenário perfeito para o pensionato onde Marana se instalaria. Tivemos alguns ensaios antes das gravações, entretanto era perceptível a relação de cumplicidade entre as duas atrizes. Por mais de vinte anos sem estar diante das câmeras, Socorro Raposo, apesar de um nervosismo corriqueiro, não se sentia inibida. Pelo contrário parecia estar bem confortável com as gravações.
Apesar do nervosismo, Samanta Reis estava muito segura em seu papel e até se denominava como uma atriz ‘caxias’, disciplinada, pois observava atentamente todas as deixas e rubricas. Os cenários pareciam acolhedores e Ana Maria Soares (Danone), empregada da D. Terezinha nos dava um apoio imprescindível nas gravações. Tudo correu bem, apesar de alguns atrapalhos como: barulho de gerador, dependência da instabilidade da luz natural, conversas paralelas e ruídos nos apartamentos vizinhos.
De um modo geral, a produção deste episódio não estava fluindo da mesma maneira, devido a uma série de pendências: retardo nas autorizações das locações, falta de vários objetos cênicos e indefinição de elenco. Felipe e Cleyton, em comum acordo, tiveram que adotar um plano ‘B’ para não comprometer o desenrolar das gravações. Muitas vezes é bom abrirmos mão de algumas coisas para que a obra flua e tudo conflua benignamente. Por hoje foi dado por encerrado o trabalho, que continuará amanhã.
Texto de Diego Albuck
Integrante do GED e assistente de direção/produção
O episódio de Marana e Cora é de autoria de Cleyton Cabral e Márcio M. Andrade, com a atriz Samantha Reis (Marana). Atriz convidada: Socorro Raposo (Senhoria). Participação especial: Diego Albuck (Homem da mala).
Nenhum comentário:
Postar um comentário