terça-feira, 24 de novembro de 2009

O episódio de abertura

Com as gravações praticamente concluídas, o primeiro episódio teve o objetivo de amarrar as referências criadas pelos atores e dar uma base para tudo o que fosse criado dali por diante. O roteiro foi nascendo aos poucos, num diálogo entre as idéias dos atores, as práticas e improvisos em torno de cenas-chave e as discussões com os dramaturgos acerca do universo de onde vinham os personagens centrais. Essas cenas-chave se caracterizavam por revelar traços de cada personagem e de sua relação com os demais, tanto em termos de sua corporalidade (aparência, postura) quanto de seu interior (intenções, temperamento, modo de reagir, de se expressar). Interessante é que, para um espectador, a observação da ação em uma cena sempre evidencia o que o corpo necessariamente não explicita, sobretudo se for um improviso. Graças a esses exercícios, muito do que esses personagens ocultava também ficou claro para atores e dramaturgos (a dor da perda esclarecendo o aparente desequilibrio de Marana; o medo do desconhecido explicando a antipatia de Latika; o auto-domínio por trás das intervenções brincalhonas de Khassim; a força, disfarçada sob a aparente fragilidade de Céu e Vida e a fragilidade, guardada sob a força aparente de Minussi e Ávana). As cenas-chave abordavam (a) o temor de Céu de não controlar sua força e a tranquilidade de Ávana em relação à amiga; (b) o desconforto de Latika no novo mundo e a aparente implicância de Khassim; (c) o estranho e permanente trânsito de Marana entre a raiva, a tristeza e o encantamento; e (d) o confronto das amigas Vida e Minussi diante do desaparecimento das filhas desta.


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