Seguindo nossa programação do mês de férias dos grupos de estudos, estamos postando semanalmente tópicos estudados no primeiro semestre e que se referem a três gêneros: o épico, o lírico e o dramático. Esta semana trazemos alguns tópicos que caracterizam o gênero dramático:
a) Pronome: Tu (Você). O diálogo ocupa o lugar que, no épico, pertence à narração.
b) O autor se manifesta "indiretamente": a função do narrador é absorvida por personagens/atores. Os personagens "tem" sua própria subjetividade.
c) O diálogo decorre do confronto de vontades, movendo e evidenciando a ação.
d) “O objeto é tudo”.
e) O mundo parece funcionar de modo autônomo, sem necessidade de mediação: a ação explica-se a si mesma.
f) Depende de uma platéia, mas é apresentado como se ela não existisse: não são atores em cena, mas personagens; não há cenários, mas ambientes.
g) Traços aproximados das chamadas “regras aristotélicas”:
- O início não é arbitrário, mas determinado pela ação que se pretende apresentar
- A peça termina quando a ação definida chega ao fim;
- Rigoroso encadeamento causal;
- A peça é um organismo. Todo elemento dispensável e não-motivado é nocivo a esse sistema.
h) A ação dramática sempre acontece pela primeira vez.
i) Exige um “avançar ininterrupto”[1]. O tempo é linear e sucessivo, como a própria realidade. O futuro é desconhecido.
j) Cada cena é apenas elo, tendo valor funcional apenas no todo.
l) Necessita do palco para completar-se cenicamente, já que os diálogos não dizem o suficiente.O autor dramático vê a ação mover-se diante dele[2].
Leia aqui, na próxima quinta (dia 30 de julho, a partir das 21h), três textos criados em exercícios realizados nos encontros do grupo de estudos de Dramaturgia, enfocando as características dos gêneros épico, lírico e dramático.
[1] Goethe, citado por Rosenfeld.
[2] Schiller, citado por Rosenfeld.
Fonte: ROSENFELD, Anatol. Teatro Épico. Coleção Debates, São Paulo: Perspectiva, 2000, 4.a edição
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