O texto de Eli Maria (de 06 de maio de 2009) tem uma forte marca poética. Ele foi interpretado por Cristina Siqueira que recorreu a um enfoque épico para construir as bases de seu improviso. Na interpretação de Cristina a personagem vive um estado de embriaguez partilhado com a platéia através de uma garrafa de vinho. Nesse cenário complementado pelos tons pardacentos da luz de velas, a perplexidade sugerida pelo texto se amplia, mostrando um desespero iminente transparecendo aqui e ali, provisoriamente contido, anestesiado pelo álcool. Clique aqui para obter mais informações sobre este e outros textos apresentados em 15/06/09.
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Todos os dias eu lia e relia essas cartas e eu amava aquele homem, era o meu homem, no meu momento íntimo. Aquelas cartas estavam, sim no seu destino, era aquele o meu destino! E eu não sabia! Eu não sabia! Tudo o que eu mais esperava era chegar em casa para tomar um belo banho, por a minha camisola e abrir um novo capítulo. Passavam-se os meus dias, e eu não sabia! Passavam-se os meus anos, minhas horas e tudo aquilo que brotava dentro de mim tinha seu caminho espalhado, embriagando o ar do meu quarto, o tapete, as cortinas; o meu travesseiro. Era tão bom que eu não sentia medo e nem culpa. Eu não sabia! Eu não sabia! Eu juro que eu não tinha a menor consciência. Era o que eu tinha de mais emocionante para os meus dias. Eu não sabia!
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