terça-feira, 7 de julho de 2009

Texto 19 - "Formigas na calcinha"

A exemplo de Cleyton Cabral, George Carvalho (03/06/09) foi outro autor que optou por radicalizar na abordagem da Menina. Também dispensando os suspiros, George levou a personagem para a puberdade num hilário e desconcertante monólogo. Ana Dulce Pacheco encarou o improviso delimitando um amplo espaço vazio no corredor do segundo andar da FUNDAJ. Essa idéia ajudou a simular o gramado citado nas rubricas, sugerindo a intimidade-à-céu-aberto da cena. Para a atriz, o desafio pareceu maior na sincronia do texto com a cadeia de ações e reações da Menina, no contato desta com a grama. De longe, a platéia se deliciava, tão perplexa quanto a personagem.

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(ELA ESTÁ LENDO NO JARDIM DA CASA DELA, DEITADA NA GRAMA. AO LADO, LIVROS E CADERNOS DA ESCOLA)

MENINA
Essa grama já esteve mais bem aparada! Vou reclamar com o jardineiro... (DÁ UNS TAPINHAS NAS PERNAS) Ai! E tem umas formigas me pinicando.. Ai! E parece que entrou uma na minha calcinha... (PÕE A MÃO LÁ DENTRO. ASSUSTADA) Meu Deus, ela me picou... (TIRA A MÃO MELADA DE SANGUE) Tá saindo até sangue! (ELA FAZ CARA DE DESESPERADA. DEPOIS COMEÇA A RIR SEM PARAR) Formiga que morde e sai sangue? Ora, onde já se viu! (RI MAIS AINDA, COM MAIS NATURALIDADE. PÁRA DE REPENTE) Puta que pariu: menstruei! (OLHA PARA OS LADOS. ARRANCA UMA FOLHA DE CADERNO E COLOCA PARA ESTANCAR O SANGUE.) Vou precisar de um absorvente! (SAI, COM A MÃO SEGURANDO O PAPEL DENTRO DA CALCINHA)

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